INTRODUÇÃO: Fibrose Cística (FC) é uma doença genética crônica progressiva, de caráter hereditário, em geral manifestada na infância ou adolescência, com ampla manifestação clínica. Dentre as complicações decorrentes da FC, atenção especial deve ser dada à saúde óssea, devido à alta prevalência da baixa densidade mineral óssea nesses pacientes. Estudos confirmam que os pacientes desenvolvem mineralização óssea deficiente, devido ao desequilíbrio entre formação e reabsorção óssea, decorrentes da própria doença e/ou pelo seu tratamento.
OBJETIVO: Determinar a prevalência de baixa massa óssea (BMO) em pacientes pediátricos com Fibrose Cística bem como os fatores associados a essa complicação.
METODOLOGIA: Estudo transversal, observacional, descritivo e retrospectivo, que incluiu prontuários de pacientes de 5 a 18 anos com diagnóstico de Fibrose Cística, acompanhados no Centro de Referência de Fibrose Cística entre os anos de 2011 e 2021.
RESULTADOS: Foram identificados 73 pacientes diagnosticados com FC entre os anos de 2011 e 2021, sendo 38,35% (n=28/73) com idade maior ou igual a 5 anos e que realizaram o exame de densitometria. Dos 28 pacientes que preencheram os critérios para o estudo, 5 (17,86%) apresentaram baixa massa óssea. A mutação F580del foi verificada em 67,85% (n=19/28) dos casos, e está presente em 80% (n= 4/5) dos pacientes com FC e BMO. Apenas a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) foi significativamente associada à baixa massa óssea, 60% (n=3/5) dos pacientes com baixa massa óssea também apresentaram valores significativamente menores de IMC.
CONCLUSÃO: A significativa associação de IMC baixo com BMO sugere a necessidade de medidas de controle e acompanhamento do padrão nutricional, englobando sempre o perfil osteometabólico. Protocolos para pacientes pediátricos portadores de fibrose cística, devem inserir a realização de densitometria em todo paciente com mau controle da doença de base, principalmente se o IMC sugerir magreza.