Que “diferença faz a diferença” na recuperação da anorexia nervosa?

Revista De Psiquiatria Clinica

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Início Publicação: 29/02/1972
Periodicidade: Bimestral
Área de Estudo: Medicina

Que “diferença faz a diferença” na recuperação da anorexia nervosa?

Ano: 2011 | Volume: 38 | Número: 2
Autores: Maria Xavier de Araújo, Margarida Isabel Rangel Santos Henriques
Autor Correspondente: Maria Xavier de Araújo | mariaxaraujo@gmail.com

Palavras-chave: anorexia nervosa, recuperação, fatores de mudança

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Contexto: As dificuldades inerentes ao tratamento da anorexia nervosa são bem conhecidas e é, ainda hoje, predominante a concepção da anorexia nervosa enquanto doença crônica. Contudo, diversos estudos mostram não só que a recuperação é possível como também que há inclusivamente mulheres que se recuperam espontaneamente, sem terem sido sujeitas a tratamento.Objetivo: Este estudo pretende, assim, rever a literatura existente relativamente a fatores que contribuíram para a recuperação na anorexia nervosa, quer relacionados com o tratamento quer com extratramento. Método e resultados: Para tal, a partir da revisão de 13 estudos existentes sobre a perspectiva de ex-pacientes acerca do que contribuiu para a recuperação, este artigo irá pôr em destaque que “diferenças fizeram a diferença”, bem como em que medida os estudos existentes permitem uma compreensão de como essas diferenças podem fazer a diferença. Conclusão: Conclui-se que, apesar de a investigação estar, sobretudo, centrada na compreensão dos fatores de tratamento mais úteis, muitas ex-pacientes parecem destacar mais a utilidade dos fatores extratratamento, nomeadamente a importância das relações na manutenção e resolução do problema. Os mesmos fatores são considerados prejudiciais e/ou úteis para diferentes entrevistadas, o que remete para a complexidade do fenômeno da recuperação que ainda carece de mais investigação.



Resumo Inglês:

Background: The difficulties in the treatment of anorexia nervosa are well known and there is still today a dominant conception of anorexia nervosa as a chronic illness. Nevertheless, several studies show not only that recovery is possible but also that there are women who recover spontaneously, even without medical treatment. Objective: This study intends to review the existing literature on the factors that contributed to the recovery in anorexia nervosa, whether or not related to treatment. Methods and results: From the review of 13 existing studies, on the perspective of former patients about what contributed to the recovery, this article highlights which “differences did make a difference” and analyzes how these differences can actually make the difference.Conclusion: The authors conclude that although research had been mainly focused on understanding the most important medical treatment factors, many former patients emphasize the usefulness of extra-treatment factors, namely the importance of relationships in the maintenance and resolution of the problem. The same factors are considered harmful and/or useful by different respondents, which bring us to the complexity of the recovery phenomenon that still requires further research.