Os quilombos são expressões vivas da resistência construída pelos africanos e africanas na luta contra a repressão, a exploração e dominação dos corpos pretos. Espaços de produção e reprodução da vivência organizada coletivamente. O presente artigo enfoca a importância da identidade étnica quilombola das comunidades pretas rurais no norte do Espírito Santo, assentando a preservação das práticas ancestrais como fonte de resistência guardada na memória vivenciada no coletivo, em que se faz presente a afirmação da identidade e ancestralidade. Suscitamos algumas considerações a respeito das práticas alimentares dos remanescentes quilombolas, como fonte de identidade étnica das comunidades, construindo uma análise de como se apropriam dos saberes existentes no território, a partir das contribuições teóricas e das entrevistas realizadas com membros do Quilombo São Cristóvão e Serraria. A culinária quilombola diz respeito à relação que o povo, ao fazer a comida de preto criada, inventada e reinventada por eles, representam sua sobrevivência e vivência, de forma que se apropriam do aprendizado herdado dos ancestrais, sendo localizados socialmente por sua história.
Quilombos are living expressions of the resistance built by Africans in the fight against repression, exploitation and domination of black bodies. Spaces of production and reproduction of the collectively organized experience. This article focus on the importance of the quilombola ethnic identity of rural black communities in the north of Espírito Santo, based on the preservation of ancestral practices as a source of resistance kept in the memory experienced in the collective, in which the affirmation of identity and ancestry is present. We raise some considerations regarding the dietary practices of the remaining quilombolas, as a source of the communities' ethnic identity, constructing an analysis of how they appropriate the knowledge existing in the territory. Based on theoretical contributions and interviews with members of the Quilombo São Cristóvão e Serraria. Quilombola cuisine refers to the relationship that the people, when making the black food created, invented and reinvented by them, represent their survival and experience, in a way that they appropriate the learning inherited from their ancestors, being socially located by their history.