Este artigo analisa o poema “Toledoâ€, de Murilo Mendes, publicado no livro Tempo Espanhol, de 1959, pelo viés da memória e da experiência a partir da intertextualidade e da realidade. Observa-se no texto poético a relação de Mendes com elementos arquitetônicos da cidade de Toledo, com escritores ligados a ela, como Miguel de Cervantes e Lope de Vega, e com o artista renascentista El Greco. Tal ligação é criada por meio de um diálogo intertextual elaborado pelo poeta brasileiro em uma espécie de construção afetiva de reminiscências e nostalgia. Ao inserir no poema elementos culturais da Espanha, o poeta permite a comunicação entre seu eu-lÃrico e as outras vozes introduzidas pela referência entre textos. Além do passado, o poeta também constrói relações intertextuais entre o eu-lÃrico, seu contexto e a influência que a cidade espanhola de Toledo lhe suscita. Desses contatos, surge a imagem de um paÃs em mudanças, em um movimento de tensão entre a história, a cultura – as lembranças – e a necessidade atual de evolução. Surge também o conflito pessoal dessa voz poética, que observa esse conflito entre a nostalgia e a solidão.