Este artigo explora a transformação das plataformas de mídia social que, inicialmente, se autodefiniam como espaços colaborativos, mas que se converteram em empreendimentos capitalistas fundamentados na mercantilização de dados. Tendo isso em vista, discute-se como esse modelo de negócios intensifica o fenômeno da desinformação, entendido como uma problemática sociotécnica, e contribui para o enfraquecimento do exercício da cidadania no contexto contemporâneo. Para tanto, são apresentadas reflexões teóricas sobre consumo midiático, neoliberalismo, plataformização, desinformação e cidadania, explorando como a governabilidade algorítmica e neoliberal dessas plataformas molda comportamentos, reconfigura a produção de conhecimento e fortalece narrativas desinformativas, ao mesmo tempo que contribui para a fragmentação da esfera pública. A partir disso, compreende-se que tal modelo de negócios, estruturado a partir da economia da atenção e na maximização dos lucros por meio da datificação, além de contribuir com a disseminação de desinformação também limita significativamente o potencial democrático das redes digitais. Por fim, conclui-se que para os indivíduos possam exercer seu papel como cidadãos e beneficiar o bem comum, é preciso uma melhor governança sobre as plataformas e o fomento de uma conscientização social sobre seu funcionamento enquanto espaços datificados
This article explores the transformation of social media platforms, which initially defined themselves as collaborative spaces but have evolved into capitalist enterprises based on the commodification of data. In this context, it discusses how this business model intensifies the phenomenon of disinformation, understood as a sociotechnical problem, and contributes to the weakening of citizenship in the contemporary setting. To achieve this, theoretical reflections are presented on media consumption, neoliberalism, platformization, disinformation, and citizenship, examining how the algorithmic and neoliberal governance of these platforms shapes behaviors, reconfigures knowledge production, and strengthens disinformative narratives, while simultaneously contributing to the fragmentation of the public sphere. From this perspective, it is understood that such a business model, structured around the attention economy and the maximization of profits through datafication, not only fosters the spread of disinformation but also significantly limits the democratic potential of digital networks. Finally, it is concluded that for individuals to fully exercise their role as citizens and promote the common good, better governance of platforms is needed, as well as the encouragement of social awareness regarding their functioning as data-driven spaces.