INTRODUÇÃO: A agenesia dental (ausência de um ou mais dentes) é uma condição genética e fenotipicamente heterogênea, causada por vários genes mutados, que atuam em combinação com outros genes, causando fenótipos específicos. A prevalência estimada desta alteração dental na população mundial varia de 0,3% a 36,5% com diferenças entre gêneros e grupos étnicos. No Brasil a prevalência é de 6,3%.
DESCRIÇÃO: Aprovado pelo CEP/CONEP, registrado sob o número 157/2010. No período de Agosto/2021 a Agosto/2022 oitenta e dois pacientes (Idade: média=11,53 anos, Sexo: Feminino =44 e Masculino= 38) com diagnóstico de FC, foram avaliados quanto a saúde oral em um Centro de Referência do estado de São Paulo. Sete (8,5%) pacientes (média idade= 10,28 anos) apresentaram alterações na formação dental, sendo que em 3 (Porcentagem=3,65; Sexo: feminino= 02; Classes do conjunto de variantes: II / II = 02 e I / I =01) destes foi observada a retenção prolongada de segundos molares decíduos e em 04 (Porcentagem=4,87; Sexo: feminino=01 e masculino=03; Variantes do CFTR: F508del / F508del= 03 e S466X / A561E=01) pacientes notou-se a agenesia dos incisivos laterais superiores, do primeiro e segundo pré-molares superiores direito e esquerdo, e segundo pré-molar inferior esquerdo.
DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS: Na literatura encontramos 01 relato de caso clínico em pacientes com FC. Então para essa discussão usamos artigos cujas casuísticas foram compostas por pacientes sem doença. Assim como Maatouk et al.(2008) e Neville et al. (2009), observou-se nesta casuística que a agenesia presente apenas na dentição permanente. Concordando com Polder et al (2004) e Mattheeuws et al (2004) foi mais frequentes em segundos pré-molares inferiores. Considerando que a FC é uma doença rara e que no Registro Brasileiro de FC (2020) há 5.869 pacientes com seguimento em Centros de Referência e que a avaliação odontológica foi realizada em 82 pacientes, esses achados nos alertam para alterações causadas pela FC e ainda não divulgadas cientificamente ou observadas clinicamente. Sui et. al (2003) e Bronckers et al. (2010), observaram que as células formadoras de osso e dentina expressam CFTR, principalmente intracelularmente, sugerindo que além da proteína estar presente em glândulas salivares, também atua na formação das dentições este fato também explica a ocorrência de retenção prolongada de dentes decíduos, pois essa alteração está relacionada a fatores hereditários e crescimento craniofacial (Murillo, 2013). Esses dados sugerem que as alterações na formação de dentes permanentes e troca da dentição decídua pela segunda dentição, seja influenciada pelo defeito quali e/ou quantitativo da proteína CFTR, principalmente nas classes 1 e 2.