Este trabalho faz uma análise arqueológica e genealógica da noção de gênero, partindo de seu surgimento como categoria analítica nas ciências humanas, derivada de trabalhos na área da biomedicina que o preconizavam como a versão cultural do sexo, até o presente, onde perspectivas pós-estruturalistas, decoloniais e queer, buscam desontologizar o termo, demonstrando como o binarismo natureza x cultura é reinscrito sob a lógica sexo x gênero, sendo epistemologicamente insustentável e eticamente condenável. Para tal, faz-se uma revisão bibliográfica dos enunciados do sistema sexo-gênero de Gayle Rubin e suas variações em Joan Scott, bem como nas teorias biomédicas, sobretudo de John Money, contrastando-as com propostas de desontologizar este sistema, encontradas em autores/as como Paul B. Preciado, Judith Butler e Donna Haraway. Por fim, defende um novo paradigma para pensar as tensões entre sexo e gênero, no qual a natureza é pensada como um tecnoproduto cultural.
This paper brings an archaeological and genealogical analysis on the idea of gender, starting on its emergence as an analytical category on human sciences, derived from works in the field of biomedicine which advocated it as the cultural version of sex, until the present, when post-structuralist, decolonial and queer perspectives attempt to de-ontologise the term, demonstrating how the nature x culture binarism is reinscribed under the sex x gender logic, being, thus, epistemologically unsustainable and ethically reprehensible. In order to do that, a bibliographical review of the statements of the sex-gender system by Gayle Rubin and its variations in Joan Scott, as well as in biomedical theories, especially by John Money, is carried out, contrasting them to proposals which attempt to de-ontologise such system, found in authors such as Paul B. Preciado, Judith Butler and Donna Haraway. Finally, it defends a new paradigm for thinking the tensions between sex and gender, in which