Este texto propõe uma reflexão sobre a escrita etnográfica, suas marcas discursivas, seus objetivos e seu modus faciendi no âmbito de uma antropologia pós-moderna. Tendo como corpus artigos assinados por James Clifford e Stephen Tyler, publicados em Writing culture: the poetics and politics of ethnography, de 1986 – obra coletiva que sublinha a centralidade da escrita ao mesmo tempo em que questiona o relato etnográfico enquanto testemunho da verdade – , buscaremos mapear, num primeiro momento, o discurso cientÃfico classicamente considerado; em seguida, apresentaremos as contribuições das teorias da linguagem que ecoam na prática etnográfica; finalmente, caracterizaremos a emergência do paradigma pós-moderno e os efeitos por ele deflagrados na escrita etnográfica.