O objetivo deste artigo é o de explorar algumas reflexões acerca da relação entre temporalidade e ritual no pensamento do antropólogo britânico Edmund Leach, mais especificamente, a partir das ideias contidas no livro Sistemas Políticos da Alta Birmânia. Para isto, tento percorrer uma “história teórica”, segundo perspectiva de Mariza Peirano, do conceito de ritual, tratando, primeiramente, dos debates empreendidos pelo autor na inserção de uma perspectiva temporal nos modelos analíticos de sua época. Em um segundo momento, examino a influência teórica que a filosofia da linguagem exerceu sobre Leach na elaboração da teoria dos rituais. Por fim, abordo as relações entre as noções de tempo e linguagem no conceito de ritual, sugerindo a hipótese que por meio das ideias de Leach, além de uma “virada para a história”, como propõe Mauro Almeida, a antropologia britânica também realizou uma virada para o mundo dos significados.