Este trabalho tem por objetivo analisar Haroun e o mar de histórias, de Salman Rushdie, com base no conceito de tradição e sua relação com narrativas orais. Para tanto, metodologicamente, fazemos uso de Octavio Paz, quando discute o termo tradição; José Carlos Sebe Meihy, que discute o que é oralidade; Acildo Leite da Silva, o qual apresenta a ideia de tradição oral; Walter Benjamin, a partir do conceito de narrador tradicional e Jacques le Goff, que apresenta o conceito de memória. A partir do engendramento dessas reflexões teóricas em relação à narrativa de Rushdie, concluÃmos que a personagem do contador de histórias, Rashid Khalifa, além de ser o guardião
das memórias da sua comunidade, é porta-voz de um discurso que se institui como resistência aos valores cristalizados e opressores de alguns grupos dentro daquela comunidade.
This paper aims at analyzing Haroun and the sea of stories, by Salman Rushdie, based on the concept of tradition and its relationship to oral narratives. In order to do so, methodologically, we make use of Octavio Paz, when he discusses the concept of tradition; José Carlos Sebe Meihy, who discusses what orality is; Acildo Leite da Silva, who presents the idea of oral tradition; Walter Benjamin, who discusses the notion of traditional narrator; and
Jacques le Goff, who presents the concept of memory. After dialoguing with these theoretical concepts in relation to Rushdie’s narrative, we conclude that the story teller, Rashid Khalifa, besides being the guardian of the memories of his community, is the spokesman of a discourse which imposes itself as resistance to crystallized and oppressing values from the part of some groups within the community.