Os professores tanto da rede pública como privada recebem orientações pedagógicas advindas de sistemas de ensino por meio de documentos orientadores. Esses documentos são, de um modo geral, acatados numa postura de obediência às imposições, muitas vezes veladas, que permeiam o discurso pedagógico. Este trabalho tem como objetivo analisar e discutir discursivamente o material destinado a professores e coordenadores do ensino da EJA, na tentativa de questionar e problematizar o discurso das reflexões pedagógicas, almejando contribuir para o aperfeiçoamento de uma postura crítica em relação ao ensino-aprendizagem dessa modalidade de ensino, a partir da análise das condições de produção e da materialidade linguística. Com base na análise desses documentos, essa pesquisa insere-se numa perspectiva histórica que pretende chamar a atenção para a dimensão política, com o interesse em estudar o discurso educacional tendo como objetivo o questionamento das relações de pode-saber. Partimos da hipótese de que o discurso político-oficial das reflexões pedagógicas direcionado ao ensino da educação de jovens e adultos encontra-se atravessado pela imbricação de duas relações: de poder e de saber, objetivando tanto o bem social quanto a busca da verdade. Esse discurso é atravessado por muitas vozes, dentre das quais se encontram aquelas que perpassam o poder. Com essas vozes, vem à tona a heterogeneidade constitutiva no discurso político educacional dos materiais de análise. Buscaremos também os efeitos de sentido e suas implicações para as relações de poder-saber no discurso das reflexões pedagógicas da EJA, bem como, destacar as marcas linguísticas que caracterizam esse discurso e levantar as emergências de resistência incorporada nas relações de poder-saber. Para tanto, nos valemos do arcabouço teórico da Análise do Discurso de origem francesa (AD), a partir dos estudos de Coracini (2003; 2007; 2011), de Pêcheux (1988; 1990); de Orlandi (1999) e de Authier-Révuz (1990; 1998), a partir do método arqueogenealógico de Foucault (1990; 1997; 1999; 2007).
Teachers from both public and private schools receive pedagogical guidance from teaching systems through guidance documents. These documents are generally accepted in a posture of obedience to the often veiled impositions that permeate the pedagogical discourse. This work aims to analyze and discuss discursively the material destined to teachers and coordinators of EJA teaching, in an attempt to question and problematize the discourse of pedagogical reflections, aiming to contribute to the improvement of a critical position regarding teaching-learning of this modality of teaching, based on the analysis of the conditions of production and linguistic materiality. Based on the analysis of documents, this research is part of a historical perspective that intends to call attention to a political dimension, with the interest in studying the educational discourse with the objective of questioning the relations of power-knowledge. We start from the hypothesis that the official political discourse of pedagogical reflections directed to the teaching of youth and adult education is crossed by the interweaving of two relations: power and knowledge, objectifying both the social good and the search for truth. This discourse is crossed by many voices, among which are those that pass through power. With these voices, the constitutive heterogeneity in the educational political discourse of the materials of analysis comes to light. We will also seek the effects of meaning and its implications for the relations of power-knowledge without discourse of the pedagogical reflections of the EJA, as well as to highlight as linguistic marks that characterize this discourse and raise as emergencies of resistance embodied in the relations of power-knowledge. For this, we use the theoretical framework of the Discourse Analysis of French origin (AD), based on the studies of Coracini (2003, 2007, 2011), Pêcheux (1988, 1990); From Orlandi (1999) and Authier-Révuz (1990, 1998), from the archaeogeneal method of Foucault (1990, 1997, 1999, 2007).