OBJETIVO: Esse artigo tem por objetivos discutir a relação existente entre a microbiota intestinal e a obesidade, descrever os mecanismos fisiopatológicos envolvidos e apresentar a perspectiva de uso dos probióticos para o tratamento dessa doença.
MÉTODOS: Foi realizada revisão de literatura nas bases de dados PubMed, Google Scholar e Scientific Electronic Library Online (SCiELO). As palavras-chave utilizadas foram “probiotics”, “obesity”, “dysbiosis”, “microbiota”. Foram selecionados apenas artigos em língua inglesa, sem restrição de data.
RESULTADOS: Diversos estudos mostram uma associação entre disbiose e obesidade. A suplementação com probióticos induz a modulação da microbiota, que é capaz de modificar o metabolismo por meio da produção de substâncias bioativas. Elas são responsáveis por estimular a secreção de hormônios relacionados à saciedade, aumentar a expressão de junções oclusivas no epitélio intestinal e aumentar a oxidação de ácidos graxos e o gasto de energia. Em estudos com animais, a suplementação com probióticos mostrou diversos efeitos benéficos, como menor ganho de massa e acúmulo de gordura, assim como melhor sensibilidade à insulina e redução de marcadores inflamatórios. A eficácia em estudos humanos foi evidenciada com cepas específicas e combinações probióticas, porém ainda não está totalmente clara, provavelmente por conta de fatores como uso de amostras pequenas, variabilidade de cepas utilizadas, de doses de probióticos e de tempo de estudo.
CONCLUSÃO: Vários estudos têm mostrado potenciais efeitos terapêuticos de probióticos no tratamento da obesidade e distúrbios metabólicos relacionados, entretanto mais estudos clínicos de larga escala, randomizados e de longo prazo são necessários para incorporá-los na prática clínica.
OBJECTIVE: The objectives of this article are to discuss the relationship between the gut microbiota and obesity, to elucidate the pathophysiological mechanisms involved, and to present the perspective of the use of probiotics in the treatment of this disease.
METHODS: A literature review was carried out in PubMed, Google Scholar, and Scientific Electronic Library Online (SCiELO) databases. The keywords used were “probiotics”, “obesity”, “dysbiosis”, “microbiota”. Only articles in English were selected with no date restriction.
RESULTS: Several studies demonstrate an association between obesity and dysbiosis. The use of probiotics can modulate the gut microbiota, which is able to modify the metabolism by producing bioactive substances. These are responsible for stimulating the secretion of hormones related to satiety, increasing the expression of tight junctions in the gut epithelium and the fatty acid oxidation, as well as the energy expenditure. In studies with mice, the use of probiotics showed several positive effects, such as less weight gain, fat reduction, improvement of insulin sensitivity, and reduction of inflammatory biomarkers. Probiotic efficacy has been evidenced in human studies with specific strains and probiotic combinations, but the existing evidence is not entirely clear, probably due to small sample sizes, variability in strains used, doses of probiotics, and length of the studies.
CONCLUSION: Several studies demonstrated potential therapeutic effects of probiotics in the treatment of obesity and related metabolic disorders, however further research with large-scale, longer-term follow-up, and a placebo control is needed to incorporate them into clinical practice.