O presente ensaio visa propor uma mudança na forma pela qual os vírus têm sido entendidos pelos seres humanos. Normalmente tidos como agentes infecciosos, os vírus na verdade são as entidades biológicas mais abundantes em nosso planeta, tendo uma função absolutamente crucial na ecologia e na evolução da vida na Terra. Se consideramos a teoria biossemiótica, que define a vida enquanto um processo operado por códigos orgânicos, concluímos que os vírus devem ser enquadrados dentro da categoria de seres vivos uma vez que eles compreendem a linguagem mais básica da biologia, ao apresentarem proteínas codificadas na forma de ácidos nucleicos. Além disso, a anatomia e fisiologia viral devem ser compreendidas como um tipo de estratégia alternativa alcançada por esses organismos para expressarem suas informações genéticas. De fato, vírus não necessitam infectar células para manifestar seus metabolismos, eles precisam unicamente ter acesso ao ribossomo para serem capazes de replicar suas informações. Finalmente, é possível supor que alguns grupos virais sejam mais antigos do que as células e contemporâneos aos subsistemas pré-celulares conhecidos como progenotos. Os vírus são agentes simbióticos cruciais para a evolução e plasticidade dos genomas, são importantes para organizar a cromatina e permitir o empacotamento do DNA, têm relevância no desenvolvimento de órgãos em organismos multicelulares e são importantíssimos para o equilíbrio dos ecossistemas.
The current essay aims to propose a modification in the way viruses have been understood historically in biology. Often took as infectious agents, virus are actually the most abundant biological entities in our planet and perform functions that are absolutely crucial both for ecology and evolutionary biology. If we take on account biosemiotics theories that define life as a process operated by organic codes, we must conclude that virus should be considered inside the category of living beings because they indeed understand the most basic language of biology as they present proteins encoded by nucleic acids. Plus, the viral physiology and anatomy must be understood as an alternative form reached by those organisms to express their genetic information. In that sense, viruses do not need to infect cells to manifest their metabolism; they merely need to get access to ribosomes in order to be capable to replicate their information. Finally, it is possible to suppose that some viral groups are older than cells, being possibly contemporaries to the pré-cellular subsystems known as progenotes. Viruses are crucial symbiotic agents that facilitate the evolution and promote plasticity to the genomes. They present fundamental relevance to: (i) organize the chromatin and allow efficient DNA packing, (ii) allow the development of some organs in multicellular organisms, and (iii) regulate the equilibrium in ecosystems.