O artigo apresenta e analisa as principais medidas adotadas pelo governo de Tarcísio de Freitas na área de segurança pública em São Paulo no primeiro um ano e meio de gestão, e os discursos mobilizados para sustentá-las. Argumenta-se que a sua administração pode ser compreendida como continuidade da articulação militar-miliciana característica do chamado “bolsonarismo”, que aprofunda e intensifica a lógica de militarização e assume de forma cada vez mais explícita e aberta o uso da violência estatal para ganhos políticos. Nesse sentido, busca-se inserir a crítica às medidas adotadas por Tarcísio dentro de uma crítica mais ampla à história de militarização, violência e extermínio que marca as políticas de segurança em São Paulo (e no Brasil como um todo), e apontar como a extrema-direita mobiliza e amplifica estes padrões de atuação.
The article presents and analyses the main measures adopted by Tarcísio de Freitas’ government in the area of public security in São Paulo in his first year and a half in office, and the discourses mobilized to support them. It is argued that his administration can be understood as a continuation of the military-militia articulation characteristic of so-called "Bolsonarism", which deepens and intensifies the logic of militarization and assumes in an increasingly explicit and open way the use of state violence for political gain. In this sense, the critique of the measures adopted by Tarcísio is part of a broader critique of the history of militarization, violence and extermination that marks security policies in São Paulo (and Brazil as a whole), and points out how the extreme right mobilizes and amplifies these patterns of action.