Este artigo tem por objetivo investigar alguns traços significativos da poética de VirgÃlio de Lemos, que através da polifonia revelou-se rebelde e transgressora em relação ao modelo literário vigente em Moçambique. O poeta criou novas imagens e vocabulário, imprimiu novo ritmo a sua poesia, a fim de revelar os múltiplos saberes culturais presentes em seu paÃs. A produção dos vários heterônimos (Duarte Galvão, Bruno Reis e Li Lee Yang) revela o esforço para acompanhar as inovações trazidas pelas vanguardas europeias, pelo modernismo brasileiro, além de romper com os paradigmas coloniais. Para o estudo aqui proposto, foram selecionados alguns textos publicados na antologia Eroticus Moçambicanus (1999), organizada por Carmen Lúcia Tindó Secco (UFRJ). Esse livro reúne os ciclos representativos da obra virgiliana, especialmente o que foi produzido entre 1944-1963. Da lÃrica virgiliana sobressaem a irreverência e a transgressão, constituindo-se como uma atitude subversiva em busca da identidade, além do grito de um poeta inconformado frente à repressão colonialista.