Este artigo investiga as relações entre a figura de Zaratustra, apresentada por Friedrich W. Nietzsche em Assim Falou Zaratustra, e o papel do analista na psicanálise de Wilfred R. Bion. Zaratustra, ao desafiar seus interlocutores a confrontarem suas limitações e transcendê-las, promove a desconstrução de valores herdados pela cultura e a criação de novos significados. Essa dinâmica filosófica encontra ressonância na prática psicanalítica, especialmente na função do analista como continente, capaz de sustentar o caos emocional e favorecer a transformação psíquica. A análise interdisciplinar entre os conceitos nietzschianos de superação, eterno retorno e criação e as noções bionianas de função alfa, capacidade negativa e “O” revela o potencial transformador da psicanálise como um campo de criação e liberdade. O artigo propõe, portanto, que a inspiração filosófica de Nietzsche amplia a compreensão do espaço analítico como um local de elaboração de nossas emoções e de autonomia.