A palavra, como nos diz Volóchinov (2017), reflete e refrata a existência em formação, processo pelo qual se constituem os acontecimentos e os sujeitos, de maneira dialógica. Como condição para a sua realização – seja como um enunciado, seja como um signo –, portanto, percebemos a necessidade de sua localização em um acontecimento de interação, na qual se efetiva o seu uso, conformando-se a uma certa relação espacial e temporal, à qual Bakhtin (2018) refere-se como cronotopo. Logo, objetivamos analisar a constituição da palavra como produção ideológica no circuito da alteridade, nos atos processuais entre a palavra alheia e a palavra minha, configurando-se, pelas suas refrações de sentido, como um refrator referencial das unidades cronotópicas na quais se formam. Para fazê-lo, elaboramos uma análise interpretativa de uma tirinha de Henfil (2012), na qual podemos desenvolver uma compreensão responsiva da ocorrência dos fenômenos aludidos.
The word, as Voloshinov (2017) says, reflects and refracts the existence in formation, a process by which events and subjects are constituted in a dialogical way. As a condition for its realization – either as an utterance or as a sign –, therefore, we realize the need of locating it in an interaction event, in which its use becomes effective, conforming itself to a certain spatial and temporal relationship, that Bakhtin (2018) refers to as a chronotope. Thus, we aim to analyze the constitution of the word as an ideological production in the circuit of otherness, in the procedural acts between the word of others and the word of mine, configuring itself, by its refractions of meaning, as a referential refractor of the chronotopic units in which they are formed. To do so, we elaborate an interpretative analysis of a Henfil’s (2012) comic strip, in which we can develop a responsive understanding of the occurrence of the alluded phenomena.