O conceito de felicidade tem sido constantemente objeto de estudo de pensadores no decorrer da história da filosofia e, na era patrística latina, é possível dizer que esteve bastante presente, como se nota nos escritos de Agostinho de Hipona. Contudo, objetiva-se demonstrar e explanar, através da presente comunicação de pesquisa bibliográfica, a contribuição da intervenção feminina para a formulação da tese agostiniana demonstrada na obra A Vida Feliz, através de Mônica, mãe do autor. Haja vista que ela é a personagem que Agostinho cita por primeiro entre os presentes, e a ela se refere com gratidão ímpar, faz-se necessário percorrer todo o itinerário do diálogo ocorrido entre Agostinho e seus convivas por ocasião do banquete natalício do mesmo, a fim de comprovar o quanto a ajuda de Mônica contribui para o andamento e conclusão do colóquio registrado no livro, no qual é possível perceber que o filho conduzirá a formulação principal do conceito, utilizando-se das colocações da mãe. As intervenções de Mônica – sobretudo no que tange a responder Trigésio e Licêncio, na época discípulos e concidadãos do filho – afirmam que, pelo menos no contexto do diálogo A Vida Feliz, não é possível ser feliz se não se possui o bem que se deseja. Segundo Agostinho, a felicidade consiste em ter Deus. A partir da definição de felicidade iniciada por Mônica, o autor investigará o que se deve considerar por bem e chegará, por fim, à refutação de que a felicidade consiste unicamente na posse de bens efêmeros e temporais, e para isso contará também com a colaboração direta de seus discípulos e do filho, Adeodato, os quais ajudarão a concluir que, possuindo o bem que é Deus, o homem vive bem e cumpre o querer do Altíssimo. Finalmente, Mônica contribui com a concepção agostiniana de que ser feliz é ter Deus como amigo, que vem a ser a conclusão do diálogo.