O presente artigo propõe uma reflexão sobre as relações entre saberes (matemáticos) de diferentes matizes/origens, provenientes das práticas culturais de um determinado grupo étnico e do mundo acadêmico e escolar, no processo de formação inicial de professores indígenas, bem como na formação continuada, a partir de sua inserção nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio em escolas indígenas de suas comunidades. A reflexão aqui apresentada é sustentada em estudos sobre interculturalidade e decolonialidade do saber. Partimos da fala de professores Guarani e Kaiowá, em Mato Grosso do Sul, egressos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD. As falas destes profissionais da educação revelam os tensionamentos produzidos nessas relações e coloca em questionamento a lógica de hierarquização entre os saberes presentes no modelo de colonialidade. As relações entre saberes, estabelecidos no modelo imposto pelas estruturas, pelos sistemas de poder e pelos conhecimentos coloniais, mantidos e reproduzidos nos espaços institucionais, são colocadas em questão com a presença dos indígenas na universidade e nas escolas indígenas. E esta presença configura como processo de resistência a este modelo. Desta forma, interculturalidade e a decolonialidade são projetos que estão ligados à luta por uma escola indígena diferenciada, e sempre em construção, permeada por uma série de tensões.
The present articleproposes a discussion aboutrelations between knowledge (mathematics) inprocess of initial formation of indigenous teachers, as well as in the continuous formation with the insertion of these teachers in the Final Years of Elementary and Secondary Education in indigenous schools of their communities. The discussion is presented from studies on interculturality and knowledge decoloniality. We started from the speech of Guarani and Kaiowá teachers, in Mato Grosso do Sul, graduates of the Indigenous Intercultural Licentiate course of the Federal University of Grande Dourados-UFGD. The statements of these teachers reveal the tensions produced in these relations and place in a logical question of hierarchy among the knowledge present in the model of coloniality. The relations between knowledge, established in the model imposed by structures, power systems and colonial knowledge, maintained and reproduced in the institutional spaces, are put in question with the presence of indigenous in university and indigenous schools that is configured as a process of resistance to this model. In this way, interculturality and decoloniality are projects that are linked to struggle for a differentiated indigenous school, always under construction, permeated by a series of tensions