O trabalho enfoca os termos triádicos encontrados na língua Me)bengokre, com o intuito de estimular comparações com as demais sociedades Jê. Alguns antropólogos notaram a existência de tais termos, mas os consideraram circunlocuções, relativas à afinidade. O leque de termos que encontrei demonstra que não se limita a termos referentes aos afins. Tentei reduzi-los a uma espécie de equação, do tipo: ‘meu filho = teu filho classificatório’. Após vinte anos sem conseguir avançar esta discussão, descobri termos análogos na Austrália, onde foram analisadas por F. Merlan e mais alguns autores. Tais termos compõem uma série distinta dos termos básicos de referência e vocativos. Demonstram um requinte lógico, preenchendo uma lacuna semântica que falta em línguas como inglês ou português. Manifestam noções de geometria (ou etno-matemática), demonstrando, no caso Me)bengôkre, a sofisticação de uma sociedade que há pouco mais de meio século atrás foi rotulada como ‘marginal’ à floresta tropical.