A questão dos indígenas que vivem na cidade paulatinamente muda de um campo pouco explorado pela etnologia dos povos indígenas no Brasil para assumir um lugar de destaque nas pautas de pesquisa. Pouco a pouco assistimos ao abandono das abordagens que concentravam a atenção nas experiências particulares de indivíduos frente as transformações provocadas pelo ambiente urbano para outras voltadas para a análise de coletivos, evitando o isolamento das experiências individuais e buscando contemplar aspectos onde tais experiências particulares sejam vistas como uma rede mais ampla de relações envolvendo a vida nas cidades como parte de um espaço de transformação dentro de marcos culturais diferenciados. Este artigo tem como objetivo discutir essas transformações na perspectiva de mulheres indígenas utilizando como fio condutor à questão das escolhas alimentares numa cidade do noroeste amazônico, São Gabriel da Cachoeira. O conceito de agency é tomado como objeto de experimentação etnográfica para auxiliar na compreensão das classificações semióticas dos alimentos.