Este ensaio focaliza duas gerações da família Rennó. O seu intuito é entender as implicações de um projeto familiar formulado pela primeira geração sob o ângulo de três questões interrelacionadas e que foram constatadas durante a pesquisa de campo: divisão do trabalho, herança e gênero. Procurarei demonstrar como a adoção desse projeto familiar por um lado legitima processos informais de antecipação de herança e, por outro, conduz parte da segunda geração da família à cidade. A partir dessas questões analisarei como um processo de contínua inserção no sistema nacional e participação na vida urbana reorganizaram o universo simbólico familiar, tomando como exemplo a redefinição complexa do gênero masculino e feminino. Esse processo de re-significação verifica-se ao longo da história familiar, possibilitando um estudo histórico que se inicia com o nascimento do primeiro filho, em 1940 e seque até os dias de hoje.