Esta tese tem muitos desafios. O mais legível e óbvio, dar conta daquilo que foi prometido no projeto de seleção para o doutorado: pesquisar o riso e o risível na educação, partindo das experiências de professoras de uma escola pública da Argentina, no uso de câmeras ocultas para criarem situações onde pudessem rir das agruras de seus cotidianos; de escavar o solo da educação em busca do riso e do risível. No entanto, na trajetória, surgiram desafios. Desafios que apareceram à medida que as coisas foram implicando-se – pesquisar-pensar-escrever. Desafios de experimentar a pesquisa em educação, da agonia de um trabalho que está atento ao pensar da pesquisa. E pensar com outros: conversas com amigos, com pesquisadores, com minha orientadora, com colegas nas orientações coletivas do campo dos Estudos do Cotidiano, com meus companheiros de trajetória – dentro e fora do doutorado – poetas e loucos, pessoas comuns... Aos poucos a pesquisa foi tornando-se cada vez mais desgovernada, sucumbindo, negando-se ao já-sabido e enfrentando o pensar como acontecimento, como ensaio. Então, essa tese se fez de cacos, como a Casa da Flor, apresentada mais adiante. Casa da Flor, minha, feita com as coisinhas do chão, no dizer de Manuel de Barros. Saberes menores, desde uma educação maior. Seus escritos não foram feitos depois de uma pesquisa de campo. Eles são a pesquisa no campo do pensar-escrever-pensar. Eles, os escritos, são movimentos do pensamento como pesquisa, da escritura como pensamento, da escritura como acontecimento, como padecimento. Uma escrita febril, que usa delírios, ilusões, visões para tentar ampliar os horizontes imaginativos. Ousa abrir-se a outras possibilidades de dizer, de pensar e de fazer em educação. Afinal, do que trata essa tese?