Embora assumindo abordagens diversificadas, as pesquisas sobre escola partem do reconhecimento da
existência de uma cultura própria dessa instituição. Cultura essa que a conforma de uma maneira muito
particular, com uma prática social própria, única. Seja cultura escolar ou cultura da escola, esses conceitos
acabam evidenciando praticamente a mesma coisa, isto é, a escola é uma instituição da sociedade, que
possui suas próprias formas de ação e razão, construÃdas no decorrer da sua história, tomando por base
os confrontos e conflitos oriundos do choque entre as determinações externas a ela e às suas tradições,
que se refletem na sua organização e gestão, nas suas práticas mais elementares e cotidianas, nas salas de
aula e nos pátios e corredores, em todo e qualquer tempo, segmentado, fracionado ou não. Trata-se,
portanto, do entendimento da cultura como um sistema de significações. Para essa interpretação, os
terrenos de produção da Sociologia, História e História da Educação têm sido reconhecidamente um
bom lugar para se pensar e dar novo significado a algumas pautas teórico-metodológicas, tais como: o
tempo escolar, o espaço, o currÃculo, os manuais, as autobiografias, as memórias, os diários, os aportes
metodológicos; articulando-se com os conceitos de habitus, campo e práticas. Pesquisas sobre a cultura
escolar em quatro cidades diferentes (Campos/RJ; JundiaÃ/SP; Uberlândia/MG e Campo Grande/MS)
evidenciaram a existência de escolas “exemplaresâ€, referência de qualidade e de formação, e de um processo
de construção da identidade de cada cidade vinculada, pelo menos em determinado momento
histórico, à identidade dessas escolas. O lugar da escola no tempo da cidade indica um projeto de sociedade
em que espaço e tempo estão entrelaçados em uma e outra, através de práticas sociais em que se
definem e redefinem mutuamente. Nos limites deste texto, as análises recaem sobre a Escola Maria
Constança de Barros Machado, e a cidade de Campo Grande/MS, constituÃda na terceira fase do processo
de urbanização e modernização das cidades brasileiras.
Although it assumes various approaches, research about the school stems from recognition of the existence
of a culture that is unique to this institution. This culture shapes it in a very particular manner, with its own
unique social practice. Whether it be a school culture or a culture of the school, these concepts end up
manifesting practically the same thing, that is, the school is a societal institution which possesses its own
forms of action and reasoning, constructed through its history, taking as its base the confrontation and
conflict which comes from the shock between determinations external to it and its own traditions which
are reflected in its organization and management, in its most elementary day-to-day practices, in the
classrooms, the patios and the hallways, in each and every moment, divided up, fractioned off or not.
Therefore we are dealing with an understanding of its culture as a system of meanings. For this interpretation, the area of production of Sociology, History and History of Education have recognizably
been a good place to think and give new meaning to some theoretical-methodological agendas, such as:
school time, space, curriculum, manuals, autobiographies, memoirs, diaries, methodological approaches;
in articulation with the concepts of habitus, field and practices. Research regarding school culture in four
different cities (Campos/RJ; JundiaÃ/SP; Uberlândia/MG and Campo Grande/MS) manifested the
existence of “exemplary†schools, references for quality and student formation, and of the process of
constructing the identity of each city connected to the identity of these schools, at least in a certain historical
moment. The place of the school in city time indicates a societal project in which space and time
are entwined with each other through social practices in which they mutually define and redefine themselves.
At the end of this text, analyses are directed toward the Escola Maria Constança de Barros Machado, and
the city of Campo Grande/MS, established in the third phase of the process of urbanization and modernization
of Brazilian cities.