As cidades brasileiras surgiram em uma época em que não havia a preocupação em incluir as pessoas com deficiências na sociedade. Seu desenho urbano contemplava ruas estreitas e aclives. As edificações históricas inseridas nesse contexto, entre elas as de estilo eclético construÃdas entre os séculos XVIII e XIX, também não facilitavam a inclusão. Sua arquitetura, caracterizada principalmente por casas de porão alto com escadas, dificulta ainda hoje o acesso de pessoas com deficiência fÃsico-motora.
É importante se considerar que os centros históricos, incluindo suas edificações, estão passando por processo de revitalização para abrigar novos usos, como comércios e serviços. A disposição interna dos ambientes não favorece a orientação espacial, principalmente daqueles com deficiência visual.
Hoje é fundamental aplicar a legislação de acessibilidade nos projetos de revitalização desses bens tombados para que, ao abrigarem novas funções, possam ser utilizados por um público diversificado, independente de suas capacidades ou limitações.
Como então conservar as caracterÃsticas arquitetônicas destas edificações e ao mesmo tempo torná-las acessÃveis aos diversos usuários? No exemplo citado da arquitetura eclética, como substituir a escada do acesso principal por uma rampa ou elevador sem descaracterizar sua arquitetura? Se optarmos por criar um segundo acesso, não estarÃamos confundindo o usuário já que o uso de frontões marcam o acesso principal e facilitam orientação espacial?
Revitalizar e ao mesmo tempo tornar acessÃvel um bem tombado exige decisões de projeto criteriosas. Estas decisões devem se embasar em um diagnóstico das principais dificuldades enfrentadas pelos usuários com deficiências. Esse artigo vem justamente identificar os problemas enfrentados por essas pessoas quando algum dos componentes da acessibilidade espacial não é considerado em projetos de revitalização de arquitetura eclética. Cabe salientar que as edificações aqui estudadas já passaram por esse processo através do Programa Monumenta e que, conforme as informações coletadas em órgãos responsáveis por projetos ligados ao patrimônio, estão acessÃveis a todas as pessoas. Pode-se dizer que falar em acessibilidade é projetar edifÃcios, cidades e produtos que possam ser utilizados com conforto, segurança e autonomia por todas as pessoas, independente de suas capacidades ou limitações, de forma igualitária. Para a compreensão do referencial teórico utilizado nesse artigo, definem-se os conceitos de deficiência e restrição, assim como os diferentes componentes da acessibilidade espacial. Em seguida são apresentados os métodos adotados para, finalmente, expor parte dos resultados encontrados.