“Repetir repetir – até ficar diferenteâ€, é o que nos incentiva Manoel de Barros na sua “didática da invençãoâ€. Porém, até que ponto a repetição é algo que nos aprisiona ao invés de nos permitir essa espécie de autonomia de pensamento, de imaginação e de criatividade que tanto apregoa e defende o poeta? O próprio Manoel nos dá uma pista quando diz que “repetir é um dom do estiloâ€, ou seja, quanto mais repetida for sua imagem iconográfica, menos potente será sua forma visual ou a prática discursiva, no sentido do “ficar diferenteâ€. Dito de outra forma, a imagem repetida é o empobrecimento da imaginação e, portanto, da nossa capacidade de pensamento. Se tomarmos, por exemplo, as grandes cidades contemporâneas como tema, um dos assuntos que mais tem circulado pelas bocas, olhos e dedos das pessoas é a chamada “mobilidade urbanaâ€. Qual seria a imagem repetida que define a mobilidade para como uma forma pensar e viver a cidade? Como se constitui essa sinonÃmia visual? Quais as implicações polÃticas dessas gramáticas visuais do mesmo? Qual o lugar do poético nesse contexto? Essas são questões que têm me acompanhado. Este artigo tem como objetivo compartilhar algumas experimentações conceituais e imaginativas que são uma forma de lidar com elas.
“Repeat repeat – until it becomes different,†this is what Manoel de Barros stimulate us to do in his “didactic of inventionâ€. However, we ask ourselves: how to distinguish the repetition that traps us from that which allow us some kind of autonomy of thought, imagination and creativity, that are indeed preached by the poet? Manoel de Barros himself provides us with a clue, in the moment he says that “repetition is a gift of styleâ€, in other words, the more the iconographic image is repeated less powerful will be its visual form or discursive practice, in the sense of “being differentâ€. Rephrasing, the repeating image is the impoverishment of imagination, and therefore, of our thinking ability. For example, if we take big contemporary cities as theme, one of the most talked about subjects is the so called urban mobility. Which repeated image would define mobility as a way of thinking and living the city? Where does poetry fit in this context? These are questions that have been accompanying me. This paper aims to share a few imaginative and conceptual experiments as a path to deal with those questions.