Em A Letra Escarlate, romance estadunidense de 1850, Nathaniel Hawthorne nos apresenta uma a sociedade puritana de Boston-Massachusetts, a qual tinha suas estruturas de poder dominada pelo grupo social masculino que, guiado por princÃpios religiosos, institui na colônia um modelo social rigidamente hierarquizado. A fim de alcançar a salvação comunitária, realizada pela tentativa de instalação de um VisÃvel Reino de Deus na Nova Inglaterra do século XVII, o puritanismo colonial representado na obra se caracteriza como estruturante de uma sociedade opressiva em que o estabelecimento e reconhecimento das diferenças são determinantes para a construção e manutenção desse modelo. Discutiremos neste artigo a maneira como o autoritarismo punia com diferentes modalidades de exclusão qualquer membro que contrariasse os ideais norteadores da salvação comunitária. Procuraremos, ainda, observar aqui a forma pela qual a construção social e cultural dos gêneros, bem como das instituições de controle social são preponderantes para a identificação dessas diferenças, bem como para o estabelecimento das hierarquias sociais mantenedoras daquele modelo.