Este artigo analisa as obras homônimas Hiroshima Mon Amour, longa-metragem realizado por Alain Resnais (1959) e ciné-roman de Marguerite Duras (1960). Considerando a perspectiva teórica de Jeanne-Marie Clerc (2004), entende-se que a literatura e o cinema são meios de expressão que não estabelecem relações de subordinação ou de concorrência, mas sim de complementaridade, realizando trocas mútuas fundamentais para suas renovações. Mais que um documentário sobre a tragédia atômica de Hiroshima, ao conjugar fatos históricos, narrativa literária e técnicas cinematográficas, tanto o ciné-roman quanto o filme expõem uma postura revolucionária da forma artÃstica para expressar uma visão crÃtica sobre o mundo conturbado pela guerra, visto que é criada uma história de amor e de perda, colocando a angústia do indivÃduo no cerne do enredo. Por meio do retorno ao passado e com o emprego de uma linguagem lÃrica, revelam os dramas da protagonista e, consequentemente, da humanidade, levando o receptor à reflexão de sua própria condição.