O presente artigo aborda a obra narrativa da escritora argentina Silvina Ocampo, propondo uma leitura crÃtica dos contos em que a autora retrata a figura e os costumes do habitante da pampa rio-platense – o gaucho – a partir de estratégias de representação que rompem com a tradição mimética. O objetivo central desta análise é demonstrar como a narrativa de Ocampo opera uma ruptura no cânone da gauchesca que supera as inovações apresentadas pelas obras literárias classificada como regionalismo plástico por Angel Rama, por meio de uma escrita fortemente marcada por questões de gênero. Para tanto, este trabalho apropria-se do referencial teórico da crÃtica feminista contemporânea, em especial as discussões levantadas por Hélène Cixous, Alicia Ostriker e Nelly Richard. Com base no arcabouço teórico delineado, é realizada uma leitura crÃtica dos contos “La hija del toroâ€, publicado em em Las invitadas, de 1961; e “La muñecaâ€, que consta no livro Los dÃas de la noche, de 1970, com uma atenção especial aos aspectos estéticos e temáticos desses textos.