Apesar de as decisões serem essenciais ao planejamento, esse conceito não tem recebido a devida atenção na
literatura, especialmente se considerarmos os avanços obtidos em outros campos do conhecimento, com especial
destaque para as abordagens do apoio à decisão construtivista e da psicologia comportamental. Este artigo
faz um breve apanhado de alguns desses avanços e, a partir deles, explora as repercussões de sua incorporação e reenquadramento em uma teoria do planejamento urbano. Para isso, inicialmente define o conceito de
decisão adotado e propõe uma classificação das decisões em três tipos: executivas, substantivas e processuais.
Em seguida, explora quatro aspectos essenciais do planejamento cujo entendimento pode ser aprofundado
sob a ótica da decisão: a) a construção de convicção sobre o problema; b) o caráter dinâmico da formulação
do problema; c) a dificuldade e a necessidade de estimar desdobramentos futuros; d) as relações entre meios,
fins e os conflitos de interesses envolvidos; e e) a necessidade de abrangência e exaustividade. Por fim, esses
aspectos são utilizados como base para a identificação de fragilidades nos atuais esforços de elaboração de
planos de desenvolvimento urbano e de oportunidades de aperfeiçoamento na direção processos mais justos,
democráticos e eficazes.
Despite the fact that planning is inexorably based on decisions, this concept has not gathered the attention
it deserves in urban planning literature, especially when we consider the latest achievements in the fields of
constructivist decision aiding and behavioral psychology. This paper briefly reviews these achievements and
explores the consequences of their integration into the framework of urban planning theory. In order to do
this, it initially elaborates a working definition and proposes a threefold classification of decisions: executive, substantive and procedural. Then, explores four key aspects of planning that can be more deeply understood from the viewpoint of decision-making and decision-aiding: a) conviction building; b) the evolving nature of problem formulation; c) the difficulties and the need to estimate future developments; d) the relationship between means, ends and the ensuing conflicts of interests; and e) the need for comprehensiveness. Finally, these aspects are used as a basis for the recognition of weaknesses in current urban development initiatives and the identification of opportunities for improvement aimed at making these processes fairer, more democratic and effective.