Este trabalho surgiu de um generoso convite para apresentar a relação entre literatura e filosofia em um dos principais representantes da teoria crÃtica da sociedade, ou Escola de Frankfurt, Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969). Diante da dificuldade da tarefa em si, dos meus esparsos e nada sistematizados conhecimentos sobre o tema, da intermitência do cursor na tela branca do computador, tomei a decisão de trabalhar de forma fragmentada. Além dos fragmentos serem uma marca no trabalho de Adorno, com eles é mais fácil ceder aos devaneios que, segundo Freud, auxiliam os escritores criativos. No meu caso, não se trata de um escritor, mas de alguém que escreve e que precisa tomar uma decisão imediata, versão apressada da criatividade, sobre os caminhos a seguir na escrita. Em meio a inúmeras folhas rabiscadas em sessões de associação livre, misturadas aos textos do filósofo que se aproximam da temática deste dossiê, o desenho que se esboçou foi mais ou menos o seguinte: falar sobre Adorno e literatura, eis o ponto de partida, mas cheguei ao autor pela psicologia... sempre me encantei e me incomodei com a forma de exposição de Adorno, que comecei a entender, ou encontrar as bases da minha dificuldade de entendimento, quando assisti a um recital com algumas de suas composições musicais... dentre seus ensaios de crÃtica literária que mencionam temas psicológicos, ali estava aberto um sobre Aldous Huxley, de quem já havia lido o “Admirável mundo novoâ€... condensando tudo isso e mais algumas associações que apresentarei mais adiante, cheguei ao tÃtulo que você leu ali no topo da página.