No presente ensaio, investigam-se as funções e expressões do silêncio apresentadas no conceito de Harmonia das Ilusões (HdI), cunhado por Ludwik Fleck (1896–1961), em sua possível interface pedagógica, sinalizando contribuições para a Educação em Ciências. Para tal, desenvolveu-se uma análise do seu livro “Gênese e desenvolvimento de um fato científico” tendo em vista compreensões relativas ao silêncio como categoria da HdI — explicitando-as nos exemplos correspondentes aos elementos que a estruturam numa articulação com a práxis pedagógica. Isso possibilitou evidenciar o silêncio em sua interface com a Educação em Ciências, expresso como: silêncio do “impensável e inimaginável”; silêncio das exceções ou complicações; silêncio da conveniência; silêncio da reinterpretação e silêncio inerente à cultura. Assim, foram atribuídas funções e expressões epistemológicas e pedagógicas do silêncio na Educação em Ciências, contribuindo para o aprofundamento teórico-metodológico de alguns aspectos da obra de Fleck.