O Brasil se destaca em nível global por ter implementado políticas com a intenção de promover a agroecologia como paradigma produtivo para a agricultura familiar. No entanto, a eficácia dessas políticas ainda carece de pesquisas e debates que permitam a sua avaliação e a compreensão dos impactos desse processo de institucionalização da agroecologia. Neste artigo, avaliamos e discutimos o apoio à criação de Núcleos de Estudo em Agroecologia (NEAs) em instituições de ensino superior em todo o Brasil. Os NEAs reúnem professores, pesquisadores e estudantes que se engajam em atividades de ensino, pesquisa e extensão em parcerias com camponeses, suas organizações e extensionistas rurais. A hipótese que norteia nossa análise é que o apoio ao estabelecimento dos NEAs permitiu uma redistribuição do poder simbólico dentro das universidades onde eles foram estabelecidos, permitindo que a agroecologia ganhasse maior legitimidade. Com base em um estudo aprofundado de quatro NEAs, os avaliamos na perspectiva de campos sociais em disputa. Nossos achados sugerem que o apoio do Estado aos grupos universitários dedicados à promoção da agroecologia permitiu a construção do que chamamos de espaços agroecológicos, que simbolicamente contestam os paradigmas dominantes nas instituições de ensino, apoiando a constituição dos territórios agroecológicos.
Brazil stands out at the global level for having implemented several policies intending to promote agroecology as a productive paradigm for small-holder farmers. However, the impacts of this process of institutionalization of agroecology still lack research and debates that evaluate the effectiveness of these policies. In this paper, we assess and discuss the impacts of a policy specifically focused on education in agroecology, the support to the establishment of Centers for the Study of Agroecology and Organic Production (NEAs) in higher education institutions throughout Brazil. NEAs bring together teachers, researchers, and students who engage in teaching, research, and extension activities in partnerships with peasant farmers, their organizations, and rural extension workers. The hypothesis that guides our analysis is that this support to establish NEAs allowed redistribution of symbolic power in the universities where they were established, supporting agroecology to gain greater legitimacy inside and outside the university field. Based on an in-depth study of four NEAs, the NEAs are evaluated from the perspective of social fields in dispute. Our findings suggest that the State support to university groups dedicated to the promotion of agroecology has allowed the construction of what we have named agroecological spaces, which symbolically dispute the dominant paradigms in educational institutions, supporting the constitution of agroecological territories.
El Brasil se destaca a nivel mundial por haber implementado varias políticas destinadas a promover la agroecología como paradigma productivo para los pequeños agricultores. Sin embargo, los impactos de este proceso de institucionalización de la agroecología aún carecen de investigaciones y debates que evalúen la efectividad de estas políticas. En este trabajo, evaluamos y discutimos los impactos de una política específicamente centrada en la educación en agroecología, el apoyo al establecimiento de Centros para el Estudio de la Agroecología (NEAs) en educación superior en todo Brasil. Los NEAs reúnen a maestros, investigadores y estudiantes que participan en actividades de enseñanza, investigación y extensión en asociación con campesinos, sus organizaciones y trabajadores de extensión rural. La hipótesis que guía nuestro análisis es que este apoyo para establecer NEAs permitió la redistribución del poder simbólico en las universidades donde se establecieron, apoyando a la agroecología para ganar mayor legitimidad dentro y fuera del ámbito universitario. Sobre la base de un estudio en profundidad de cuatro NEAs, los NEAs se evalúan desde la perspectiva de los campos sociales en disputa. Nuestros hallazgos sugieren que el apoyo del Estado a los grupos universitarios dedicados a la promoción de la agroecología ha permitido la construcción de lo que hemos denominado espacios agroecológicos, que simbólicamente disputan los paradigmas dominantes en las instituciones educativas, apoyando la constitución de territorios agroecológicos.