O artigo discute a importância de se considerar as relações entre educação matemática e gênero para ressignificar e compreender as práticas escolares com as matemáticas. A partir de uma visão sociopolítica da educação matemática, assumimos que as matemáticas escolares podem ser consideradas contributos à crítica e à mudança na ordem social. O interesse por essa questão está centrado, de modo especial, nas estruturas sociais que implicam em diferenciações e em exclusões associadas ao gênero no âmbito da sociedade em geral e, de modo particular, das comunidades acadêmicas. Os argumentos desenvolvidos tencionam três assuntos estruturais da ordem social: (i) as esferas de ação das mulheres se configuram no privado e não no público; (ii) a configuração das identidades das mulheres e seus desejos generizados, associados à práticas de serviço e caridade, em detrimento de projetos de vida que impliquem considerar a participação das mesmas na esfera do público-político e de seus possíveis papéis em instância de decisão; (iii) por fim, as práticas com as matemáticas devem servir para fazer uma transição da caridade à justiça social. Esses tópicos (ou assuntos) devem ser considerados ao repensar as práticas com as matemáticas no interior das salas de aula com estudantes femininas.
En este artículo se discute la importancia de considerar las relaciones entre educación matemática y género para resignificar y comprender las prácticas escolares con las matemáticas. Desde una visión sociopolítica en Educación Matemática asumimos que las matemáticas escolares pueden ser consideradas como una alternativa para contribuir a la crítica y al cambio en el orden social. En especial, el interés se centra en las estructuras sociales que conllevan a diferenciaciones y exclusiones asociadas al género en la sociedad en general y en las comunidades académicas en particular. Los argumentos desarrollados tensionan tres asuntos estructurales del orden social: (i) la consideración de que las esferas de acción de las mujeres se configuran en lo privado y no en lo público; (ii) la configuración de las identidades y los deseos generizados de las mujeres asociadas a prácticas de servicio y caridad, en detrimento de proyectos de vida que impliquen considerar su participación en la esfera de lo público-político y sus posibles roles en instancias de decisión; y (iii) las prácticas con las matemáticas para hacer el tránsito de la caridad a la justicia social. Estos temas (o asuntos) deben ser considerados al repensar las prácticas con las matemáticas al interior de las aulas con estudiantes femeninas.