O artigo deriva de pesquisas com coletivos estudantis na educação superior e ensaia entrelaçamentos desse fenômeno inventivo com o campo do currículo. Mobilizando a perspectiva ético-estético-política e a cosmopercepção de Deleuze e Guattari, a cartografiacom os territórios existênciais dos múltiplos coletivos (negros, indígenas, de mulheres, de mães, LGBTQIAPN+, Pessoas com Deficiência, autistas etc) indica que a emergência destes têm construído heterotopias, conceito foucaultiano, na universidade. Efeitos destacados têm sido: (1) contribuição na permanência qualificada dos estudantes, (2) uma formação política consubstanciada, elemento de suma importância dados os enfrentamentos históricos contemporâneos, e (3) uma formação profissional diferenciada, incluindo estudos e epistemologias contra-hegemônicas, para além das “ofertas” institucionais, dinamizando outras relações de poder e de afeto. As forças que mobilizam e as formas que as expressam em suas práticas estão produzindo, portanto, currículos heterotópicos. As linhas de fuga que produziram os currículos heterotópicos apontam para uma coprodução de subjetividades e de mundos múltiplos, cujas diferenças em suas singularidades não perdem o sentido do rizoma. Em outras palavras, o que os coletiviza, os aquilomba, os aldeia, não os faz perder o sentido daquilo que em ampla medida todos desejam: ter suas existências compondo dignamente os encaminhamentos históricos nas diferenças e na pluralidade, construindo um mundo que recusa projetos de morte, ao contrário, construindo mundos cujas forças vitais ativas sejam potencializadas.
The article derives from researches with student collectives in higher education and essays to intertwine this inventive phenomenon with the field of curriculum. Mobilizing the ethical-aesthetic-political perspective and the cosmoperception of Deleuze and Guattari, the cartography with the existential territories of multiple collectives (black, indigenous, women, mothers, LGBTQIAPN+, people with disabilities, autistics, etc.) indicates that their emergence has constructed heterotopias, a Foucaultian concept, in the university. Notable effects have been: (1) contribution to the qualified retention of students, (2) a substantiated political formation, an element of utmost importance given contemporary historical confrontations, and (3) a differentiated professional formation, including counter-hegemonic studies and epistemologies, beyond the institutional “offers”, dynamizing other relations of power and affection. The forces that mobilize and the forms that express them in their practices are, therefore, producing heterotopic curricula. The lines of escape that produced the heterotopic curricula point to a co-production of subjectivities and multiple worlds, whose differences in their singularities do not lose the meaning of the rhizome. In other words, what collectivizes them, what aquilomba them, what aldeia them, does not make them lose the meaning of what they all largely desire: to have their existences composing with dignity the historical directions in differences and plurality, building a world that refuses projects of death, on the contrary, building worlds whose active vital forces are potentialized
El artículo se deriva de investigaciones con colectivos estudiantiles de educación superior y ensaya entrelazar este fenómeno innovador con el campo curricular. Movilizando la perspectiva ético-estético-política y la cosmopercepción de Deleuze y Guattari, la cartografía de los territorios existenciales de múltiples colectivos (negros, indígenas, mujeres, madres, LGBTQIAPN+, personas con discapacidad, autistas, etc.) indica que su surgimiento ha construido heterotopías, un concepto foucaultiano, en la universidad. Los efectos notables han sido: (1) la contribución a la retención cualificada de estudiantes, (2) una formación política fundamentada, un elemento de suma importancia dadas las confrontaciones históricas contemporáneas, y (3) una formación profesional diferenciada, que incluye estudios y epistemologías contrahegemónicas, más allá de las ofertas institucionales, dinamizando otras relaciones de poder y afecto. Las fuerzas que movilizan y las formas que las expresan en sus prácticas están, por lo tanto,produciendo currículos heterotópicos. Las líneas de fuga que dieron origen a los currículos heterotópicos apuntan a una coproducción de subjetividades y mundos múltiples, cuyas diferencias en sus singularidades no pierden el sentido del rizoma. En otras palabras, lo que los colectiviza, lo que los aquilomba, lo que los aldea, no les hace perder el sentido de lo que todos anhelan en gran medida: que sus existencias compongan con dignidad las direcciones históricas en las diferencias y la pluralidad, construyendo un mundo que rechace los proyectos de muerte; al contrario, construyendo mundos cuyas fuerzas vitales activas se potencien.