Este artigo tem como objetivo analisar a construção do Ethos a partir da cenografia e da polidez em busca da adesão do interlocutor, o leitor dessa obra, em uma sinopse do livro Seminário dos ratos, de Lygia Fagundes Telles, veiculada na contracapa da edição lançada pela Companhia das Letras, em 2009. Escrito por uma das mais aclamadas e premiadas autoras brasileiras dos séculos XX e XXI, o livro “Seminário dos ratos” é uma coletânea, lançada inicialmente em 1977, em pleno regime militar, e discute temas que poderiam, na época, serem considerados subversivos, como o conto que dá nome ao livro. O relançamento dessa obra, já no século XXI, tem novos leitores e um novo contexto sócio-histórico e cultural. A sinopse – sem assinatura – é de responsabilidade da editora e conta ao final com um comentário do renomado e laureado autor, José Saramago, que recomenda e legitima a leitura do livro. Como fundamentação deste trabalho, adotaremos os posicionamentos da proposta de Amossy (2020) e a Teoria da Argumentação no discurso (TAD) e os direcionamentos de Maingueneau (2020 e 2018) e a Análise do Discurso de linha francesa (AD), pois ambos dedicam-se a estudar como se dá o funcionamento global do discurso associado à sua dimensão social e institucional. Dessa maneira, a contribuição da TAD amplia os horizontes pensados pela AD na medida que se dedica a analisar a argumentatividade no discurso. Os resultados obtidos sinalizam uma relação entre a imagem criado do Ethos, cenografia e polidez como ferramentas argumentativas importantes para a adesão do interlocutor ao gênero do discurso sinopse.