Em Do espÃrito da Coisa: um cálculo de graça, a psicana- lista Karin de Paula pensa o Witz – palavra espirituosa –, sua construção e definição como análogo a uma psicanálise. Em ambos, trata-se, segundo a tradição lacaniana ancorada na filosofia hegeliana, de um movimento dialético, de um deslocamento do drama especular e do cômico, para o trágico e a “palavra espirituosaâ€, os quais pressupõem uma trÃade: terceiro “elemento†resultante do cálculo de graça, sujeito que advém ao fim de uma análise, instituÃdo por e nessa matemática, “sobra†possÃvel de lidar, re-criar, pôr a trabalhar em nome da graça – a graça do próprio sujeito. Qual é a sua graça?, pode-se perguntar. Só é possÃvel “fazer graça†em nome próprio, tendo se apropriado de seu desejo, do trágico próprio desse, cujo objeto – obje- tos – desliza metonimicamente num desenho lógico do sujeito e para ele, numa sucessão de significantes “caÃdos†no percurso de uma psicanálise, para a instituição de outros, para o deslizar permanente e sem fim da cadeia do desejo. Ficção tão mais verdadeira quanto mais falsa.