O presente artigo aborda, através da análise de gênero e de uma reflexão ética, a atribuição do ato de cuidar à s mulheres na sociabilidade burguesa. Centra-se na preocupação com a forma como se apresenta, no cotidiano das mulheres, a incorporação de atividades relacionadas aos cuidados de outros seres humanos em processo de crescimento ou que dependem dos cuidados dos outros para garantir o direito à vida. Mostra que esta incorporação relaciona-se com a adesão a valores morais e atribuições de funções diferenciadas para homens e mulheres nessa socialibilidade. Insiste na necessária análise crÃtica desta adesão para que se possa trilhar por escolhas livres que, para além da teia de causalidades postas por condições materiais de existência, possam fundar novos valores. Sinaliza, também, para a importância desse debate na construção de polÃticas públicas voltadas para a ampliação da autonomia das mulheres.