Repensando as injustiças epistêmicas nos crimes de violência sexual contra a mulher: uma análise a partir dos julgamentos da ADPF 1.107 e do AgRg no REsp 2.105.317

Revista da Defensoria Pública do Estado de São Paulo

Endereço:
Rua Líbero Badaró, 616 - 4o e 7o andares
São Paulo / SP
Site: https://ojs.defensoria.sp.def.br/index.php/RDPSP/index
Telefone: (11) 3105-0919
ISSN: 2674-9122
Editor Chefe: Guilherme Krahenbuhl Silveira Fontes Piccina
Início Publicação: 30/09/2019
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Ciência política, Área de Estudo: Psicologia, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Ciências Sociais Aplicadas, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Serviço social

Repensando as injustiças epistêmicas nos crimes de violência sexual contra a mulher: uma análise a partir dos julgamentos da ADPF 1.107 e do AgRg no REsp 2.105.317

Ano: 2024 | Volume: 6 | Número: 2
Autores: PHILIPOVSKY SCHROEDER REIS. Lívia Kim, BORGES DE BARROS. Roberta
Autor Correspondente: PHILIPOVSKY SCHROEDER REIS. Lívia Kim | liviareis00@hotmail.com

Palavras-chave: epistemologia feminista, criminologia, violência de Gênero

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo examina práticas institucionais no sistema de justiça Brasileiro que perpetuam injustiças epistêmicas e desqualificam mulheres vítimas de violência sexual. A análise concentra-se na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1107, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e no Agravo Regimental no Recurso Especial (AgRg no REsp) 2105317/DF, decidido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em ambos os casos, discute-se a importância da valoração correta de provas no processo penal, a fim de evitar que características e histórico pessoal das vítimas sejam utilizadas para descredibilizá-las. Utilizando os conceitos de injustiça epistêmica, de Miranda Fricker e Janaína Matida, correlacionando-os às concepções da criminologia crítica e feminista, principalmente as perspectivas teóricas de Vera Regina de Andrade, Carmen Hein de Campos e Soraia da Rosa Mendes, o artigo propõe que a proibição de interrogações sobre a vida sexual da vítima não basta para eliminar a desigualdade de gênero no sistema penal. Metodologicamente, a pesquisa inclui uma análise qualitativa dos votos e discursos dos ministros nos casos estudados, demonstrando como decisões abstratas de constitucionalidade podem auxiliar, mas não substituem, a resolução de casos concretos. O estudo destaca o papel simbólico dos julgamentos no combate à violência institucional e a necessidade de mudanças estruturais para promover a igualdade de gênero nos tribunais.