A escrita deste relato de experiência parte da vivência de uma das autoras, por ser filha de mãe negra, pobre, pai ignorado e mulher. Surgiu então, uma preocupação ético-política de buscar compreender o sofrimento psíquico que pessoas do gênero feminino, pobres e negras enfrentam no seu dia a dia, seja na escola, no trabalho e principalmente no âmbito familiar. Buscou-se com a pesquisa o interesse que opera a partir de situações de violência, originário de uma sociedade colonialista que historicamente desvalida a vida humana negra, pobre e mulher e que em um longo processo de escravização social, produziu sofrimento psíquico. O objetivo deste relato consiste em perfazer percursos nos relatos de vida sobre o racismo e a violência social, mais do que confirmar teorias ou hipóteses. O interesse consiste, portanto, numa proposta ética de firmar uma postura crítica enquanto corpos negros como condição étnico-racial, num combate aos posicionamentos racistas. Para tanto, se propõe uma noção de desamparo como coragem afirmativa da renúncia à exclusão de pessoas negras, pobres e mulheres e a construção de uma sociedade mais humana e menos excludente.
The writing of this experience report is based on the journey of one of the authors, as she is the daughter of a black mother, poor, an ignored father and a woman. An ethical-political concern then emerged to seek to understand the psychological suffering that female, poor and black people face in their daily lives, whether at school, at work and especially within the family. The research sought to explore the interest that operates from situations of violence, originating in a colonialist society that historically devalues black, poor and female human life and that in a long process of social enslavement, produced psychological suffering. The objective of this report is to complete paths in life stories about racism and social violence, more than to confirm theories or hypotheses. The interest therefore consists of an ethical proposal to establish a critical stance as black bodies as an ethnic-racial condition, in a fight against racist positions. To this end, a notion of helplessness is proposed as an affirmative courage to renounce the exclusion of black people, poor people and women and the construction of a society more humane and less exclusionary.
