No Brasil, as taxas de cesariana são bastante
elevadas, principalmente nos serviços privados,
estando provavelmente associadas a fatores
socioeconômicos e culturais. O objetivo deste estudo
foi descrever as caracterÃsticas socioeconômicas,
demográficas, culturais e reprodutivas de puérperas
e os determinantes da decisão por parto cesáreo
em duas unidades do sistema de saúde suplementar
do Estado do Rio de Janeiro. A população
foi composta por 437 puérperas que tiverem partos
vaginais ou cesarianos nas duas unidades selecionadas.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas
com as mães e consulta aos prontuários.
Através de regressão logÃstica não condicional, avaliaram-
se os fatores associados à decisão por cesariana
como via de parto, seguindo os modelos hierárquicos
estabelecidos em três momentos definidos:
no inÃcio, ao longo da gestação e no momento
do parto. Observou-se que, embora 70% das entrevistadas
não relatassem preferência inicial pela
cesariana, 90% apresentaram esse tipo de parto.
Verificou-se que, independente do desejo inicial
da gestante, a interação com o serviço de saúde
resultou na cesariana como via final de parto. Trabalhos
educativos direcionados às gestantes e à população
geral e mudanças no modelo de assistência
ao parto podem ser estratégias promissoras para a
reversão desse quadro.
Cesarean section rates are very high in
Brazil mainly in private hospitals, probably due
to socioeconomic and cultural factors. The objective
of this study was to describe socioeconomic,
demographic, cultural and reproductive characteristics
of women in the postpartum period and
the factors that had determined their decision for
caesarean section in two units of the supplementary
health care system of the State of Rio de Janeiro.
The study population was composed of 437
women that had vaginal or caesarean childbirths
in the two selected units. Data were collected by
means of interviews with mothers and consultation
of hospital records. The factors associated
with the decision for cesarean section as mode of
delivery were evaluated using non-conditional
logistic regression analysis and following the hierarchic
models established at three definite moments.
Although 70% of the women had no initial
preference for cesarean section, 90% of them
had this mode of birth. It was verified that, despite
their initial desire, the interaction with the
health services resulted in cesarean section as mode
of birth. Educative actions directed to pregnant
women and to the public at large as well as changes
in the childbirth care model can be promising
strategies for reverting this picture.