Neste texto analisa-se a genealogia da diferenciação entre escola rural e escola urbana. Tema presente naquele que deveria ter sido o “I Congresso da Instrucção”, no Rio de Janeiro, em 1883, o ensino nos municípios rurais foi alvo dos pareceres remetidos por João Barbalho Uchôa Cavalcanti, Amaro Cavalcânti e Antônio Bahia da Silva Araújo (Baia). Nos termos de Primitivo Moacyr (1939), essas foram as três únicas sugestões sobre o ensino rural no Congresso de Instrução de 1883. E foram também as primeiras e únicas vozes que se levantaram nos 60 anos de regime imperial no Brasil em prol das largas populações camponesas. A passagem de um regime político para outro com o advento da Proclamação da República não modificou a realidade enfrentada pela população do campo no acesso à escola elementar. Além da precariedade das instalações e da formação de seus professores, aliada a escassez de escolas primárias na zona rural, as concepções de ensino oscilaram entre a adoção do modelo de escola difundido nos centros urbanos e outro modelo específico para a zona rural.