Este artigo oferece uma reflexão sobre como homens autores de violência contra a mulher percebem e narram suas concepções sobre a Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. A partir da realização de grupos reflexivos de gênero com homens em São Paulo (SP), visa-se investigar a maneira como homens autores de violência (HAV) se posicionam diante da legislação Brasileira voltada à proteção de mulheres em situação de violência doméstica e familiar. A alusão a uma "Lei João da Lapa" emerge como contraponto à Lei Maria da Penha, vocalizando a percepção dos homens sobre um pretenso desequilíbrio entre homens e mulheres quando o tema é proteção legal. Nesse contexto, uma lei que proteja os homens aparece para ilustrar as compreensões, resistências e justificativas de HAV frente à violência contra a mulher. A partir de suas narrativas, é possível compreender como as visões culturalmente informadas de HAV repercutem em sua compreensão e aceitação perante mecanismos legislativos criados para proteger as mulheres. Adota-se como metodologia uma abordagem qualitativa que inclui pesquisa documental e de caráter descritivo-exploratório no contexto de um grupo reflexivo com HAV. O artigo pretende, por fim, contribuir com reflexões que possam amparar as estratégias de enfrentamento à violência de gênero direcionadas a homens no Brasil.