O objetivo deste ensaio etnográ€co é
descrever algumas formas de relação dos Maxakali
com a alteridade. O contato com os brancos é analisado
em continuidade com a relação dos Maxakali
com os inimigos e os espÃritos. Guerra e ritual são
compreendidos como diferentes momentos de um
mesmo processo de predação e subsequente domesticação
de potências exteriores necessárias à constituição
do socius maxakali. Analiso a relação entre
saber xamânico e educação escolar, sugerindo que,
assim como os cantos rituais são usados para paci-
€car os espÃritos, a escrita é usada para paci€car os
brancos. A guerra – cuja prática tornou-se hoje praticamente
impossÃvel – é então atualizada no plano
da cosmologia, do pensamento, nos contextos do
ritual e da escola.