Através do “DATALUTA – Banco de Dados da Luta pela Terraâ€, versão “Estrutura Fundiáriaâ€,
desenvolvemos uma pesquisa das mudanças na estrutura fundiária brasileira. De 1992 a
2003, as áreas cadastradas no Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR) aumentaram
em 89 milhões de hectares. Neste artigo, apresentamos algumas análises das possÃveis
causas desse aumento, por meio dos impactos socioterritoriais em seus processos de
territorialização e desterritorialização. Numa primeira análise dos dados, observamos que
essas mudanças estão ocorrendo com maior intensidade nos estados onde a produção da
soja está se territorializando, onde terras até então semi-utilizadas ou não utilizadas estão
se valorizando devido à dinamização da economia e da infra-estrutura. Estudamos
inicialmente o Estado de Mato Grosso por este apresentar um crescimento maior de áreas
cadastradas. Assim, à medida em que o complexo da soja se dinamiza, mais terras são
incorporadas pela propriedade privada por meio de diversas formas de apropriação. Dentre
elas, a grilagem de terras, principalmente devido à falta de fiscalização e controle territorial
por parte da União. Os impactos socioterritoriais causados pelo agronegócio da soja, pela
reforma agrária e pela luta pela terra são resultados da conflitualidade entre a articulação
global/local para a condução do desenvolvimento territorial concomitante com as diretrizes
do capital. Além de buscar compreender os processos desencadeados por essa nova
realidade, temos o intuito de criar uma metodologia de estudos das mudanças da estrutura
fundiária a partir dos impactos socioterritoriais que as condicionam.